quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Donzela.

Seu corpo era de terra, seus cabelos de cipós, os olhos eram quartzos verdes. A vida em seu interior era o fogo, alimentado pelo sopro do ar, a água em fluía em seu interior e exterior, ajudando-a a se renovar. Vivia em meio a natureza e a natureza nela vivia.



Era capaz de ouvir a voz dos elementos e dos elementais, entendia a linguagem das plantas e dos animais. Sentia-se renascer com o raiar do sol e ser abraçada pela luz da lua a cada anoitecer.

A donzela tinha tudo, pois não tinha nada. Ela e os seus apenas pegavam o que precisavam, sem exageros, sem posses. Sem dor ou desnecessárias mortes.


Quando pela primeira vez, alguém disse “é meu!” Tomando para si o que lhe era desnecessário, iniciou-se a separação desse povo e a natureza.


Lentamente, deixaram de ouvir as vozes da natureza. Os animais se tornaram perigosos, as plantas descartáveis, os elementos, coisas a serem exploradas e povo começou a se dividir. A donzela vendo a decadência de seus irmãos e sentindo no próprio corpo as chagas que eram abertas na natureza, chorou e gritou. Pediu que parassem com aquilo.


Ela continuou chorando e gritando até o fim, até suas forças se esgotarem.


Até os dias atuais seu povo ouve os gritos dela, como se vindos da própria alma. Aqueles que se atentam a esses gritos, passam a atentar para as vozes da natureza. Voltam a entender a linguagem das plantas e dos animais, voltam a sentir os elementos dentro de si e ao seu redor.


Então, lembrando-se que são partes de todo, eles começam a gritar junto da donzela e, assim, fazem com que mais membros desse povo passem a ouvir a voz do mundo de que fazem parte.


E enquanto continuam gritando, porque sabem que a cada novo grito, renova-se a esperança de melhora. A mesma esperança que nunca morreu, no coração da donzela.
 
Fim.
Essa imagem não me pertence. Caso conheçam seu autor, me avisem para que lhe dê os devidos créditos.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

TUDO QUE VAI, VOLTA! - Sobre revanches nerds e a lei do retorno.

Bem vindos a minha casa, acomodem-se onde desejarem...

Quem nunca sofreu com as provocações de outros alunos na época do colégio? Sabemos que isso nos marca e nos transforma para o resto da vida.
Eu, como já deixei diversas vezes obvio aqui no blog, já passei por essas situações e, no meu caso, serviu para me tornar alguém mais forte. Enfrentar aqueles que me zoavam, porque eu sou diferente, me ensinou a defender minhas opiniões independente do que os outros me diziam e a ser eu mesma, sem me importar com o que os outros pensavam.

O resultado disso (e de alguns anos de terapia, rs) foi me tornar uma garota decidida, fora dos padrões e que nunca diz “Eu queria ser(...)” ou “Eu queria fazer(...)”, ao invés disso eu digo “Eu sou!”, “Eu vou ser(...)!” ou “Eu vou fazer(...)!”.

Porém, uma coisa é fato, a gente sempre guarda aquela raivinha infantil das pessoas que nos humilharam no colégio (Se mexia com meus amigos, então, ai é que eu guardo mesmo) e sentimos vontade de ter nossa pequena revanche. Porém isso é algo bobo, não é algo que realmente afeta nossa existência (se for, você precisa se tratar)... Mas quando acontecem essas revanches é boooooom! Principalmente quando você nem se mexeu pra que isso ocorresse.

No meu livro preferido “Tithe - Fadas Ousadas e Modernas” da Holly Black, tem uma cena relativamente boba, mas deliciosa, que sempre me faz soltar uma risadinha sarcástica.

Kaye, a personagem principal (Uma garota estranha, com “amigos imaginários”, que não liga muito pra sua aparência e tem uma família problemática), por acidente fez um encanto, que resultou em um dos caras mais desejados do colégio (o típico personagem de filme americano, sexy, mau, perigoso ou que finge ser tudo isso. Em resumo: O tipo de cara que nunca olha para as “Meninas estranhas”) ficasse obcecado por ela.
Enfim, nessa cena, ela vai ao colégio encontrar com ele, para retirar o feitiço. Porém, quando chega lá, vem aquele desejo de fazer o garoto pagar por tudo que ela já passou e usá-lo como forma de vingança a todos os garotos como ele que sacaneiam garotas como ela por ai.

Então, em pleno pátio do colégio, no horário de saída. Ela ri e começa a falar em tom alto o suficiente: “O quanto você me deseja?” Ao que o garoto responde totalmente entorpecido pela magia: “Muito!” Então, saltando e esquivando dele, ela continua, atraindo a atenção do público: “O que você faria para me ter?” E, novamente, o garoto responde, tentando agarrá-la: “Qualquer coisa!”

Então, enquanto ri, ela desfaz o feitiço, fazendo o garoto ficar perdido, no meio dos vários outros alunos que se divertiam assistindo o show. Ela sai rindo e ele fica vermelho de raiva e vergonha.

É uma cena boba, né? Passagem rápida do livro, mas, vamos admitir, que garota nunca quis fazer isso com aqueles idiotas, que a julgavam por culpa da aparência fora da padrão? Ou, que garoto nunca quis fazer isso com aquela garota super popular, que só fazia esmagar corações? É quase uma vingança nerd e por isso é tão gostoso. Hahahaha...

Enfim, pra que tudo isso? Para dizer a vocês que o troco sempre vem e nem precisamos nos mover para isso. Seja no sucesso profissional alcançado por aqueles que eram zoados no colegial ou de formas mais diretas, como aconteceu hoje comigo.


O que eu posso dizer? Descobri hoje, que o garoto, que sempre me sacaneou no colegial (E eu to falando de coisas sérias, como chamar de prostituta e coisas piores, além de outras humilhações semelhantes feitas com amigas (e amigo, rs) minhas), é meu calouro na faculdade!!! *Risadinha maligna.*

Agora, o melhor é ter amigos verdadeiros. Porque, não bastasse a diversão de vê-lo passando pela humilhação do trote normal, o pessoal da minha turma ainda fez ele sofrer especialmente, fazendo questão de avisar “Você zoava a nossa amiga Irine, agora vai pagar!” O que eu fiz? Eu ri muito, enquanto ele beijava a estátua do fundador da faculdade de língua, em meio a praça pública.

Pois é, um post desse tamanho para compartilhar minha felicidade infantil com vocês. Quem disse que meninas boazinhas não tem seu lado cruel? E não me venham com “Quem disse que você é boazinha, Irine?” Porque eu sou um doce... Pra quem merece. Rs.

Beijos,
Irine (Yami_no_Hime).