terça-feira, 24 de novembro de 2009

Primeira vez...

Bem-vindos a minha casa, acomodem-se onde desejarem...

Toda a primeira vez é importante, o primeiro respirar, o primeiro choro, a primeira amizade, a primeira festa, o primeiro beijo e o primeiro sexo... Todos os primeiros momentos são marcantes nas vidas das pessoas. Ninguém consegue esquecer totalmente seus primeiros momentos.

Então, por que será que parecemos dar tão pouco valor a eles? Ninguém esquece os primeiros momentos, então, por que esquecem quem os afagou quando chorava, quem lhe deu a mão pela primeira vez, quem era o aniversariante, de quem era a boca sobre a sua ou o corpo sobre o seu? Seriam as pessoas menos importantes que os momentos?

Nenhuma primeira vez é linda e mágica como nos contam as histórias, todas tem suas dificuldades, seus problemas, seus desafios... Mas é a pessoa que esta conosco, quem nos apóia e com quem compartilhamos esses momentos que tornam tudo isso especial.

Me entristece ver tantas pessoas esquecendo as pessoas que estiveram juntos delas em diversos maravilhosos de suas vidas, amigos, parentes, amores... Nenhum ser humano cresce sozinho, então, por que esquecemos?

Eu gostaria de lembrar pra sempre, mesmo das pessoas com quem não tenho mais contato... Porém sou humana e vou esquecer, mas acredito, que sempre que lembrar meus primeiros momentos, lembrarei delas... Talvez nem lembre seus nomes ou rostos, daqui a alguns anos, mas lembrarei de sentimentos e assim, sei que nunca irei esquecer aqueles que foram importantes pra mim.

Muitas primeiras vezes são importantes, muitas são especiais, pena que algumas pessoas jogam fora suas primeiras vezes sem motivo. Primeiras vezes devem ser felizes e memoráveis, mesmo que com algumas dificuldades e afins, pois assim, elas valerão a pena.

Beijos! :*

domingo, 8 de novembro de 2009

Kai

Estava sentada em um dos mais altos galhos de um carvalho, uma perna descansava esticada, enquanto outra balançava solta no ar. Esticou a coluna, ficando completamente encostada do tronco, as asas castanhas, uma de cada lado do tronco, eram sua maior segurança. Sentia a chuva limpar seu corpo e o vento a arrepiava, além de sacudir a fina túnica cor de creme, deixando uma parte maior das pernas amostra.
*
Dominada pela força da natureza, olhou para baixo, vendo o solo a metros de distância, riu sozinha, com a adrenalina tomando seu corpo e o sabor da liberdade formigando em sua língua, com o ar puro que entrava. Livre, estava livre! Não se lembrava de quando fora aprisionada, mas ainda tinha marcas do cativeiro em seus pulsos, as cicatrizes provocadas pelas algemas.
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Foram tantos anos de aprisionamento, de dor e solidão, até as primeiras ajudas. Não entendia o porquê de recebê-las, mas não se libertaria sem elas, foram palavras e carinhos, fé e encorajamento, pouco a pouco o incentivo aumentava e assim crescia a força dela. Finalmente, houve força o suficiente para arrebentar os grilhões e arcar com as consequências de sua rebeldia e foi em meio a esta luta que elas nasceram, rasgando suas costas, grandes asas, como as de uma ave de rapina, que com o incentivo de um grito selvagem a ergueu para os céus e levou-a para longe do cárcere.
*
Estava ofegante só de lembrar, havia um poder intenso tomando seu corpo, enquanto sentia suas unhas tornarem-se garras e sua visão captar cores e detalhes nunca antes percebidos. A risada alta escapou de sua garganta em rodopios ferozes, nada mais poderia detê-la, era uma força da natureza, era sobrenatural, era Kai.
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Foram anos, décadas, talvez meses ou séculos viajando para onde seus instintos lhe guiassem, até encontrá-lo pela primeira vez.
Uma noite escura, sem estrelas, quando uma lua letal dominava o céu como se tivesse roubado toda a luz para si. Ouviu um som que ecoava por entre as arvores da floresta, tão poderoso quanto seu canto, perigosamente ameaçador.
Movida pela curiosidade, seguiu o som, até encontrar a criatura que o emitira, uma fera sem comparações, com todos os pré-requisitos de um predador, o coração falhou uma batida, era fascinante. Manteve-se escondida, assistindo-o caçar, encantada pelos movimentos perfeitos e pelo ataque implacável, pobre criança não teve chance...
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Kai não poderia compreender o porquê, mas, após muito tempo, não sentia vontade de partir, desejava observar aquele ser curioso, tão igual e diferente de si mesma.
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Assistia, compartilhando dos sentimentos dele, enquanto ele seguia para a verdade, lhe doíam as duvidas dele e seus temores, enquanto nas noites de lua cheia, sentia-se plenamente satisfeita ao vê-lo livre, algo lhe insinuava que ele sabia de sua presença e milhares foram as vezes que trancou a voz para não responder aos uivos que tanto a atraiam.
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Em silêncio, comemorou o dia em que ele descobriu o que realmente era e, também, conseguiu se libertar.
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Mais tempo se passou e ela já não se satisfazia em observá-lo, ansiava poder tocá-lo, sentir a pele quente e afundar as mãos nos pelos macios, entorpecer-se com seu cheiro e saborear seu gosto. A vontade cresceu, até tornar-se esmagadora e forçá-la a se revelar.
*
Andou em silêncio, até estar perto de mais para não ser notada e sentiu o ar faltar ao percebê-lo ainda mais fascinante de perto. Assistiu sua aproximação com expectativa, mantendo seu olhar firme nos dele, sem nenhuma hesitação.
Não temeu quando foi envolta pelos braços dele e sentiu-se completa quando suas bocas se uniram, as línguas se entrelaçaram, banindo toda a dor que persistia em seu corpo. Não houve racionalidade nos caminhos seguidos pelas mãos e lábios em suas explorações, ate que, por não poderem mais adiar, os corpos se uniram, as novas sensações os tirando do mundo real e marcando a união de criaturas pares, em suas semelhanças e diferenças.

*
Fim.

Parabéns pelos seus 16 anos, hoje nossa união completa 5 meses.
Te amo,
Beijos! :*