segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Dama das Flores - Cap. II

O sol já nascia quando ela chegou a sua morada. Tocou o tronco do eucálipto centenário e respirou fundo o ar úmido da floresta cheia de orvalho, antes de soprar suavemente em um pequeno nó no tronco. Rapidamente, as raizes pareceram se abrir, mostrando um tunel pequeno de mais para que uma criança passa-se. Ela colocou os dois pés na abertura e se sentiu sugada para dentro do corpo da árvore, deixou-se cair levemente, até pousar no chão de terra, como um felino.
Ouviu um som de palmas ritmadas e olhou para trás, onde se localizava um imenso portão de madeira, decorado com prata e ouro. A sua frente estava um ser de aparência, elfica, mais alto do que ela, magro, de longos e lisos cabelos negros, vestia uma armadura negra, de couro, semelhante a dos centuriões romanos, com um pássaro dourado estampado no peito. Em suas costas, pesava uma montante tão grande que precisava ficar na diagonal, para não tocar ao chão, e seu portador tinha mais de dois metros de altura. O homem semi-cerrou os olhos, totalmente negros, antes de falar num tom jocoso, sua voz toniturante ecoando no tunel de terra onde estavam.


- Divertiu-se com seu humano?


- Muito e você, gostou de assistir? - Ela respondeu afiada, sem demonstrar grandes emoções.


- Fiquei enojado, se me permite dizer. - Ele retrucou, rindo maldosamente.


- Não me importo, nem um pouco, com o que pensa.


- É, eu sei. Porém, ainda não cabe a minha compreensão, o que aquele ser futíl, possui. Que faça-o merecer sua atenção.


- Ele me adora e me imortaliza, nas mais diversas formas que posso assumir, diga-me se isso não é adoravel? - Ela ria, seus olhos brilhando pelo jogo de palavras.


- Sua maldita narcisista.


- Ciúmes? - Jogou uma mecha dos cabelos para trás, dando um passo a frente.


- Um pouco. - ele retrucou, terminando com a distância entre os dois.
- Não se preocupe, sempre terás seu lugar no meu coração. - Ela concluiu, levando uma mão ao belo rosto dele e acariciando-o levemente.


- É uma promessa? - Ele acompanhou a brincadeira, enlançando a cintura dela com seus braços.


- Talvez... - Respondeu, aproximando seus rostos.


- Sua sacana provocante. - Ele concluiu, soltando-a, riu um pouco e ela o acompanhou.
- Ah, por que tinha que parar? Estava divertido!
- Você é o pior dos seres, Driade.
- Lisongeio, mas ainda há muitos a quem devo superar. - A morena agradeceu, com uma reverência.
- Vá logo para o seu quarto.
- Sim senhor, meu capitão! - Respondeu batendo continência. - Fica aqui até quando?
- Até o sol se por, acabei de assumir o posto, agora vá. - Ordenou novamente, abrindo o portão
- Me sinto tão protegida. - Ela concluiu, apertando a bunda dele, quando passou.

- Bom dia, capitão da guarda. - Antes que o portão terminasse de fechar, ela gritou.- Você fica ridiculo com essa armadura!


- Vá! - Ele gritou em resposta, empurrando o portão e assim acelerando o movimento deste. Não poderia ouvir no momento, mas tinha certeza de que ela estava rindo.


Do lado de dentro daquele esconderijo, se abria um imenso salão de chão negro, sustentado por pilares de estilo clássico. A garota parou de rir e observou o ambiente, vários corpos estavam deitados pelo chão, talvez houvesse algum morto, ela não tinha certeza. A maioria dormia, eram os bêbados remanescentes de mais um baile de sua corte. Torceu o nariz em desgosto, aquilo era nojento, pulou os corpos sem dar atenção a ninguem em particular. Chegou a imensa mesa de mármore do outro lado do salão. Em meio ao que restara do banquete, havia uma tingela de prata, transbordando de frutas parecidas com tâmaras secas, a garota sorriu, pegando a travessa e seguindo para a saida do salão. Havia acabado de entrar no corredor, quando ouviu uma voz chamá-la:


- Driade, você saiu de novo? - Era uma voz feminina rouca e vinha em tom de repreensão.


- Oi pra você também, vovó. - A fada respondeu, com sarcasmo, a criatura a sua frente.


Era uma mulher idosa e baixinha, com cara e pés de coruja, e braços muito finos. Os grandes olhos dourados, com pequenos pontos negros, possuiam um brilho de repreensão.


- Sai e passa dois dias fora, se divertindo com os homens, vai ser pega! Um dia será capturada, descobrirão você e será aprisionada em uma gaiola de ferro, com vários mortais sabendo seu nome e gritando-o, ordenando-a que se humilhe. - a velhinha dizia, apontando um dedo parecido com um graveto para a mais jovem.


Ela balançou a cabeça e comeu uma das frutas, antes de abraçar a senhorinha com o braço livre.


- Vovó, se acalme, se nem entre as fadas conhecem meu nome, acha que humanos o descobririam? - Ela beijou a testa da senhorinha. - A senhora, que é a mais inteligente criatura que eu conheço, ainda me chama de Driade! - Disse com tom de adulação, antes de completar em pensamento: "Além do mais, ninguem poderia me fazer sofrer mais do que vocês."


- Coisa que você não é, sua pirralha bajuladora! Driades não dão trabalho a fadas velhas, ficam quietas perto de suas árvores! - As palavras duras se uniram ao o tom repressor. - Vá dormir, vá, que mais tarde, já sabe o que te aguarda.

A garota torceu o nariz, numa expressão de desgosto pelas palavras, deixando a encenação de boa moça de lado.
- Com licença. - Falou friamente, passando ao lado da outra fada e seguindo seu caminho, a passos duros.
A fada idosa balançou a cabeça em negação, aquela garota só dava problemas.




Continua...




N/a.: Pra quem Lê essa história, desculpem o atraso na postagem.



3 comentários:

  1. Comecei a ler hoje =D
    Hm promete ser uma história interessante!!!
    Vou aguardar pelos próximos capítulos mesmo ,mesmo ,mesmo!
    Bjos

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  2. Ah, já li... =P

    EU BETEI ESSA BAGAÇA. QUALQUER COISA, A CULPA É MINHA.

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